Nesta tarde, na Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, foi realizada audiência pública para tratar da constatação da presença de agrotóxico em 100% do leite materno analisado pela
Universidade Federal de Mato Grosso, entre fevereiro e julho do ano passado, nas mulheres do município de Lucas do Rio Verde, localizado na
Região Norte do Estado. O referido
município é referência em produção de grãos na Região Centro-Oeste.
Não se trata, aqui, de promover a apologia à proibição do uso de tecnologia e de
insumos; e sim de uma reflexão sobre a possibilidade de adoção de formas menos agressivas de manejo do solo e mais harmônicas de promover
os necessários tratos culturais.
Em
tempos de Rio + 20 – ainda que esta conferência não tenha alcançado o objetivo
que pretendia, de compromissos das grandes potências com o meio ambiente – é indispensável
a realização de discussões sobre formas mais sutis e menos agressivas
de interagir com o meio ambiente e administrar a produção de alimentos.
Para
além de discutir o banimento dos agrotóxicos, o que precisa ser reavaliado é o
seu manejo e as formas de melhor controlar os seus efeitos sobre o meio
ambiente e sobre os seres vivos.
É
intolerável – a bem do crescimento econômico – a contaminação de
rios, lençóis freáticos, trabalhadores, populações de entorno e, agora, de
recém-nascidos, que terão sua formação e desenvolvimento comprometidos pelas
substâncias tóxicas que lhe contaminam pelo alimento mais completo e essencial,
que é o leite materno.
Lembramos,
com pesar, um passado recente, que Alagoas enfrentou, sobre tudo na década de
1990, proveniente da utilização indiscriminada de agrotóxicos, o que marcou de
forma lamentável os trabalhadores do Agreste Alagoano, e suas famílias, que se
dedicavam à agricultura fumageira: o uso do agrotóxico tamaron.
Casos
de depressão e reiterados suicídios foram registrados em número assustador,
entre os trabalhadores que promoveram o manejo desse agrotóxico, a ponto de ser
proibida sua comercialização.
Os
efeitos do referido veneno não se limitou aos trabalhadores, atingindo também
suas famílias, inclusive mulheres e crianças, uma vez que a maioria se dedica à
destalação das folhas de fumo, dentro de suas próprias casas, como forma de aumentar
a renda familiar, atividade por meio da qual igualmente se contaminaram.
O
tamaron marcou de forma tão contundente a região, que seu nome batizou operação
desencadeada pela Polícia Civil de Alagoas, em idos de 2008, para promover
buscas e apreensões de combate ao crime organizado no Estado.
O caso não pode permanecer no estado em que se encontra, eis que em jogo a vida
das pessoas e os destinos do meio ambiente.
A deputada Rosinha da Adefal, tomando conhecimento do caso, se comprometeu em levar o caso ao conhecimento e discussão na Procuradoria Especial
da Mulher, onde é a 1ª Procuradora Adjunta, uma vez que a saúde das mulheres,
principalmente as recém-nascidas, gestantes e nutrizes, se encontra ameaçada.
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