terça-feira, 3 de julho de 2012

Em Goiás, leite materno se encontra contaminada por agrotóxicos.


Nesta tarde, na Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, foi realizada audiência pública para tratar da constatação da presença de agrotóxico em 100% do leite materno analisado pela Universidade Federal de Mato Grosso, entre fevereiro e julho do ano passado, nas mulheres do município de Lucas do Rio Verde, localizado na Região Norte do Estado.  O referido município é referência em produção de grãos na Região Centro-Oeste. 

Não se trata, aqui, de promover a apologia à proibição do uso de tecnologia e de insumos; e sim de uma reflexão  sobre a possibilidade de adoção de formas menos agressivas de manejo do solo e mais harmônicas de promover os necessários tratos culturais. 

Em tempos de Rio + 20 – ainda que esta conferência não tenha alcançado o objetivo que pretendia, de compromissos das grandes potências com o meio ambiente – é indispensável a realização de discussões sobre formas mais sutis e menos agressivas de interagir com o meio ambiente e administrar a produção de alimentos.

Para além de discutir o banimento dos agrotóxicos, o que precisa ser reavaliado é o seu manejo e as formas de melhor controlar os seus efeitos sobre o meio ambiente e sobre os seres vivos.

É intolerável – a bem do crescimento econômico – a contaminação de rios, lençóis freáticos, trabalhadores, populações de entorno e, agora, de recém-nascidos, que terão sua formação e desenvolvimento comprometidos pelas substâncias tóxicas que lhe contaminam pelo alimento mais completo e essencial, que é o leite materno.

Lembramos, com pesar, um passado recente, que Alagoas enfrentou, sobre tudo na década de 1990, proveniente da utilização indiscriminada de agrotóxicos, o que marcou de forma lamentável os trabalhadores do Agreste Alagoano, e suas famílias, que se dedicavam à agricultura fumageira: o uso do agrotóxico tamaron. 

Casos de depressão e reiterados suicídios foram registrados em número assustador, entre os trabalhadores que promoveram o manejo desse agrotóxico, a ponto de ser proibida sua comercialização.

Os efeitos do referido veneno não se limitou aos trabalhadores, atingindo também suas famílias, inclusive mulheres e crianças, uma vez que a maioria se dedica à destalação das folhas de fumo, dentro de suas próprias casas, como forma de aumentar a renda familiar, atividade por meio da qual igualmente se contaminaram.

O tamaron marcou de forma tão contundente a região, que seu nome batizou operação desencadeada pela Polícia Civil de Alagoas, em idos de 2008, para promover buscas e apreensões de combate ao crime organizado no Estado.

O caso não pode permanecer no estado em que se encontra, eis que em jogo a vida das pessoas e os destinos do meio ambiente.

A deputada Rosinha da Adefal, tomando conhecimento do caso, se comprometeu em levar o caso ao conhecimento e discussão na Procuradoria Especial da Mulher, onde é a 1ª Procuradora Adjunta, uma vez que a saúde das mulheres, principalmente as recém-nascidas, gestantes e nutrizes, se encontra ameaçada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails