A semana que
passou, se foi um estouro de emoções, o foi também de orgulho e
deleite.
A ciência se esmerou em produzir dois trabalhos que,
certamente, somarão aos esforços de seus pares na busca por uma sociedade mais
inclusiva e menos excludente, em que a acessibilidade comunicacional vem como
um instrumento para o empoderamento da pessoa com deficiência.
Trato
das pesquisas de Paulo Vieira e Ernani Ribeiro, cujos trabalhos ("O PAPEL
DA ÁUDIO-DESCRIÇÃO NA ELIMINAÇÃO DE BARREIRAS COMUNICACIONAIS NO
MATERIAL DIDÁTICO NO ENSINO MÉDIO" e "A IMAGEM NA RELAÇÃO DE EXPRESSÃO COM O
TEXTO ESCRITO EM LIVROS DIDÁTICOS DE HISTÓRIA - contribuições para a
aprendizagem do aluno surdo"), defendidos na Universidade Federal de
Pernambuco, UFPE, foram inéditos por, de um lado, versarem no campo da
áudio-descrição de imagens no livro didático; de outro, por trazerem a
áudio-descrição como ferramenta de benefício comunicacional aos indivíduos
surdos.
Com tradução para Libras, leitura dos slides e descrição dos
eventos visuais, contidos na apresentação, as defesas das dissertações foram,
ainda, um exemplo
de que a pessoa com deficiência, uma vez respeitada, pode exercer os mais diversos papéis sociais e laborais a que desejar.
de que a pessoa com deficiência, uma vez respeitada, pode exercer os mais diversos papéis sociais e laborais a que desejar.
O
orientador dos trabalhos e presidente da banca, prof. Francisco Lima conduziu os
trabalhos, partilhando a arguição com os Doutores Jefferson Fernandes, Tícia
Ferro, Rafaela Asfora e Wilma Pastor, pesquisadores na área da inclusão, da
fotografia e teatro e a pessoa com deficiência visual, na
psicologia cognitiva, nos estudos da Língua de Sinais e áreas
afins. O próprio orientador, pessoa com deficiência visual, é
pesquisador nas questões que envolvem o processamento mental de representações
hápticas, como desenhos em relevos e outros.
Ambos os trabalhos serão, após os ajustes de praxe, destinados à publicação na forma de artigos e de dissertação propriamente dita.
Com o estudo aprofundado da
literatura estrangeira e doméstica, os trabalhos examinaram as diretrizes de
países como Alemanha, França, Espanha, Inglaterra e Estados
Unidos.
Muitas páginas foram traduzidas e muitas mais produzidas, a partir da literatura examinada.
As dissertações trazem, assim,
contribuições para o estudo da áudio-descrição, tanto quanto para a efetivação
dela nos meios audiovisuais e no material didático usado por pessoas com
deficiência e seus pares sem deficiência.
Considerando os trabalhos que os autores fizeram em livro de história e de língua portuguesa, os agora mestres Paulo e Ernani respeitaram o sentido da pesquisa inclusiva ao trazerem para ela a participação de Sujeitos surdos, cegos e com baixa visão, os quais foram participantes nas pesquisas e não apenas informantes para
um estudo.
A investigação científica diminuta trouxe conclusões incontestáveis a respeito do benefício da áudio-descrição para o aprendiz com deficiência visual e auditiva.
Dados intrigantes deram a saber que os livros trazem erros que vão do uso de um navio chinês do século XVI, ao tratar das navegações portuguesas do século seguinte, até o uso de imagens meramente ornatas que não comunicam adequadamente ao estudante.
Pior, ainda, denunciam o uso de uma gama significativa de exercícios nos livros didáticos, dependentes da visão, e que não trazem áudio-descrição, deixando o aluno com deficiência visual no limbo da exclusão educacional.
As imagens ornatas, somadas à inexistência de áudio-descrição nos livros didáticos, deixam de fora do momento educativo as pessoas cegas ou com outras deficiências, a física, por exemplo, discriminando-as por razão de deficiência, uma vez que impedem que estudantes com e sem deficiência desfrutem dos mesmos recursos educativos, em pé de igualdade.
A leitura dessas dissertações será fonte profunda de conhecimento aos que pretendem fazer a áudio-descrição, dos níveis mais superiores aos principiantes.
Logo, constituirão um marcador de águas no que
tange o entendimento do que é áudio-descrição e o significado de sua prática
como ferramenta de empoderamento
na educação de pessoas com deficiência.
na educação de pessoas com deficiência.
Amigos leitores, guardem os nomes desses trabalhos e, em
breve, dediquem tempo à leitura deles.
Cordialmente,
Cordialmente,
Francisco
Lima
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