quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Enquanto eu celebrava minha vida, morreu Maria do Monte, bordadeira do 1º estandarte do Galo da Madrugada


Ontem celebrei a minha vida. Chego aos 40,  horas extasiada, horas espantada com a vida, em sua luz e sua sombra.

E enquanto eu celebrava, morria uma diva da cultura pernambucana, tão próxima em suas origens da cultura alagoana, que por vezes se confundi.

O carnaval de Pernambuco perdeu na tarde desta terça-feira (23/11/2010) a bordadeira Maria do Monte Marques Burity, aos 98 anos. Ela faleceu em sua casa, em Olinda, após uma parada respiratória. Segundo o relato de seu filho adotivo Edson Oliveira, Maria do Monte assistiu, como de costume, à missa pela televisão e depois passou mal. O Samu ainda foi acionado, mas não teve tempo de salvar a bordadeira. O corpo será velado nesta noite na Capela de Santana, no bairro de Rio Doce, e o sepultamento será nesta quarta-feira, às 16h30, no Cemitério do Convento de São Francisco de Olinda.

Maria do Monte nasceu em Olinda, em 1912, e era membro da Ordem Franciscana Secular da cidade. Ela dedicou sua vida a bordar com fios de ouro e de prata artigos religiosos e estandartes  para o carnaval. A artista foi responsável pelo primeiro estandarte do Galo da Madrugada e também confeccionou os adereços que vão à frente de blocos como Pitombeiras dos Quatro Cantos, Marim dos Caetés, Vassourinhas de Olinda, Lenhadores do Recife, Clube das Pás do Recife,  Lavadeiras de Areias do Recife, Girafa de Vitória de Santo Antão, entre outros.

Por conta de sua vida dedicada à produção aos bordados, ela foi considerada Patrimônio Vivo Municipal de Olinda em 1980, pelo então prefeito do município Germano Coelho. Em 1990, foi a Homenageada no carnaval da cidade, em reconhecimento à sua competência aos usar as mãos para criar beleza.
Segundo Edson, Maria do Monte pretendia encaminhar ao governo do estado o pedido para que fosse considerada patrimônio vivo de Pernambuco. 
 

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