Comprar um ingresso para o Rock In Rio significa estar disposto
a encarar eventuais contratempos, próprios de um evento que reúne 100
mil pessoas por dia. A recompensa é assistir sua banda favorita de perto
ou, pelo menos, numa boa localização. Nem sempre. A área exclusiva para
portadores de necessidades especiais é suspensa, mas fica à extrema
direita do palco principal, o que prejudica a visibilidade. É comum ver
cadeirantes deixarem o local para se misturar à plateia.
- Antes de vir, mandamos um email com dúvidas para a organização. Não
recebemos resposta. Chegamos na Cidade do Rock e perguntamos a oito
pessoas onde era o lugar para deficientes. Ninguém sabia. Quando enfim
descobrimos, foi decepcionante. Vamos ver os shows muito mal. Não
custava nada fazer um anexo ao lado da área VIP, que fica em frente ao
palco. Minha mulher está revoltada - protestou o paulista Samer Pereira
da Silva, que, por conta de uma fratura no tornozelo, está se
locomovendo de cadeira de rodas.
Samer também encontrou dificuldades para se movimentar no Terminal Alvorada, na Barra:
- O piso é impraticável, não tem rampas. Tiveram que me levar no colo até o ônibus.
Desinformação e falta de ônibus adaptados são outras críticas dos
deficientes. Robson Rodolfo, que veio de São José dos Campos com a
mulher e a filha, encontrou os primeiros obstáculos na Rodoviária Novo
Rio. Cansado de tentar obter informações sobre como fazer para encontrar
um ônibus comum que os levasse à Cidade do Rock, pegou três passagens
de R$ 18 num coletivo de turismo.
- Do jeito que o esquema de transportes foi divulgado, achei que ia
gastar R$ 2,50 por pessoa, mas ninguém sabia me dizer nada. E mesmo
assim, pagando R$ 18 pela passagem, o ônibus não era adaptado. Tive que
ser carregado pelo motorista para dentro do coletivo - contou Robson,
que elogiou o fato de não precisar enfrentar filas e ter saltado perto
da Cidade do Rock.
Fonte: O Globo
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