quarta-feira, 8 de junho de 2011

Há 78 anos a droga alucinógena LCD era descoberta

A 16 de abril de 1943, Albert Hofmann descobriu a droga alucinógena LSD. O químico suíço da Sandoz fez a descoberta por acaso, ao aspirar por descuido uma pequena quantidade de pó no laboratório.

O químico suíço Albert Hofmann estava à procura de um estimulante da circulação sanguínea quando se deparou com o fungo do centeio. Este fungo era muito temido na Idade Média como causa de pestes, o que lhe rendeu o nome de "vingança divina". Mas, ao mesmo tempo, sabia- se que ele tinha também efeitos positivos, por exemplo, o de conter hemorragias no parto.

Não foram, porém, as propriedades medicinais e, sim, os efeitos alucinógenos que transformaram o LSD (dietilamina de ácido lisérgico) numa das colunas do movimento hippie dos anos 60. A Sandoz, naturalmente, tentou lucrar com a descoberta, encarregando cientistas para testarem a droga na psiquiatria. O medicamento foi lançado no mercado sob o nome "Delysid", para tratamento de fobias e neuroses, mas com a advertência de que provocava alucinações.

Como pioneiro involuntário, Hofmann não tinha noção da dosagem correta da droga. Ele disse que "os objetos e o aspecto dos colegas de trabalho pareciam sofrer mudanças ópticas. Não conseguindo me concentrar em meu trabalho, num estado de sonambolismo, fui para casa, onde uma vontade irresistível de me deitar apoderou-se de mim. Fechei as cortinas do quarto e imediatamente caí em um estado mental peculiar, semelhante à embriaguez, mas caracterizado por fantasias de imaginação. Com os olhos fechados, figuras fantásticas de extraordinária plasticidade e coloração surgiram diante de meus olhos".

Consumo em massa nos anos 60

Enquanto o resultado do uso psiquiátrico era pouco satisfatório, os das experiências como entorpecente despertaram o interesse dos movimentos alternativos dos anos 60. E não só isso: já em meados dos anos 50, o serviço secreto norte-americano (CIA) havia comprado todo o estoque de LSD da Sandoz para usá-la como "droga da verdade".

Caducada a última patente da Sandoz, no início dos anos 60, a droga passou a ser consumida em massa. Ela era propagada pelos meios de comunicação e por escritores como Aldous Huxley. Artistas famosos, como Jimi Hendrix e os Beatles, ajudaram a criar o culto ao alucinógeno. O principal guru, no entanto, foi o professor norte-americano Timothey Leary, que considerava o LSD "um caminho imperial para uma nova consciência".

Não demorou até que surgissem as primeiras histórias de horror da subcultura psicodélica. Como a droga provoca alterações visuais, despersonalização e até a sensação de que se pode voar, ocorriam casos de suicídios em que dependentes de LSD saltavam de pontes e viadutos. Muitos acabaram internados em clínicas psiquiátricas, onde o LSD ainda é usado em doses mínimas como terapia.

Estudos científicos demonstraram que, mesmo depois de parar de consumir a droga, há um fenômeno de ação retardada (flash-back) que pode ter consequências graves. O excesso no consumo provoca a morte. As alterações de ânimo, do pensamento e, sobretudo, da percepção assemelham-se às verificadas na esquizofrenia.

Consciente dos problemas que acompanhariam sua descoberta, o químico Albert Hofmann dizia que o ideal seria termos duas vidas: uma com e outra sem LSD.

Albert Hofmann morreria de ataque cardíaco aos 102 anos de idade em abril de 2008.


Fonte: Ramón García-Ziemsen (gh) / DW, pelo Blog InovaBrasil

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