terça-feira, 22 de abril de 2008

LADRÕES IDEOLÓGICOS


Demétrio Sena*
- Mundo tem sido dos mais fracos de alma e caráter

Se o ser bem sucedido representasse o máximo possível a todos os homens, não haveria os miseráveis... Afinal, o que transborda nos milionários é o que falta nos que não estariam na miséria, se essa mesma riqueza não descesse pelo ralo e pudesse circular fora da "panela" de sempre, dando a chance de conquista que os excluídos nunca tiveram, desde que o mundo é mundo. Daí se conclui que os milionários não vivem com o que é seu.
Não se pode afirmar que todos sejam ladrões de forma direta, mas de alguma forma inexplicada por quem nada sabe de economia, como quem agora se arrisca nesta prosa truncada, por não saber como se explicar. Quero dizer que direta ou indiretamente, são. E os que não são exatamente ladrões, são receptadores. Volto a dizer que ideologicamente, em boa parte, já que nem mesmo eles sabem, por uma questão de conceito de ladroagem, ou de cultura, em um mundo no qual é dono de tudo quem chega primeiro ao que pode estar naturalmente destinado a outrem.
Mas estou falando de coisas que vão além da lei, das regras, da obrigatoriedade e da ética... Uma ética radical, que abriria mão da abastança para que alguém ao lado não tivesse fome. Seria como exigir do ser humano que ele fosse diferente do leão, que abate outro leão, se necessário, para ficar com a caça, ainda que sua "caverna" esteja cheia de carne. Se existe um adágio verdadeiro é o de que o mundo é dos mais fortes. Mas não é um adágio agradável, pois o mundo não é dos mais fortes de alma, caráter, bom senso e solidariedade. É, sim, dos que sabem arrombar as portas do poder e passar por cima de quê ou quem, por uma questão de avareza, gula e disputa desenfreada.
O que lhes dá essa força é a falta de escrúpulo, pois os que o têm preferem ser pisados a pisar no próximo. Se há quem pense em retaliar estas linhas, punindo o autor pelos códigos de lei, vamos negociar o seguinte: Sempre acredito em excessões, e desde já o ponho entre tais excessões, para massagear seu ego e dar a chance de exercitar sua hipocrisia diante da sociedade, de si mesmo e do que escolheu como ícone de fé religiosa ou de outra natureza.
O roubo de que falo extrapola todos os conceitos que eu mesmo possa definir diante dos leitores que ora se questionam: "O que esse maluco está querendo dizer com essa farofa ideológica, como se ele fosse o dono da verdade?". Não sou... E as pretensas verdades que ora digo podem ter sido roubadas pela minha esperança certamente falida, de angariar alguma riqueza íntima... De alma.

* Demétrio Sena é Educador lotado no Colégio Estadual Alcindo Guanabara - Guapimirim-RJ. Palestrante. Membro da Academia Mageense de Letras.

Publicado em Pauta Social - 18/04/2008.

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