quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Universidade Falada

Portal na Internet promove acesso à educação e cultura
Reportagem: Adriana Perri
Inserida em: 28/8/2007
Foi lançado ontem (27), em São Paulo, o portal Universidade Falada (www.universidadefalada.com.br ). O projeto, uma iniciativa privada, visa promover o acesso a educação e cultura no Brasil por meio da venda de livros e cursos em áudio e a preços acessíveis.
"É isso que nós editores, autores e palestrantes desejamos desta empreitada", afirma o idealizador e coordenador da Universidade Falada, Cláudio Wulkan. "Nossos preços permitem que qualquer brasileiro com acesso a internet possa adquirir os produtos. Sem exceção. Nos próximos anos devemos produzir centenas de áudio-livros, sempre pensando em levar cultura, informação e formação."Para as pessoas cegas e deficientes visuais, que lutam por ter acesso à leitura em formato universal, a novidade agradou. Porém não atende completamentea demanda do segmento.
Segundo o psicólogo Naziberto Oliveira, que é cego e coordena o movimento pelo livro acessível no Brasil, não ha dúvida que o formato áudio é uma ferramenta interessante. Assim como são os formatos em texto digital, ampliado e o braile. "O livro em áudio isoladamente, usado como único recurso não é viável para uma verdadeira aprendizagem. Como escrever bem apenas ouvindo o som das palavras? Como poderia o leitor esclarecer alguma dúvida a respeito da ortografia de uma palavra se ele apenas tem a oportunidade de ouvir o som dessa palavra?", questiona Oliveira. "Ao ler a correspondência de pessoas cegas, dá para perceber muitos erros característicos nesse sentido", conta Oliveira.
Ele destaca que as pessoas cegas não podem escrever corretamente porque não sabem e não porque não querem. "Afinal, elas só tiveram a oportunidade de ouvir as palavras e não de perceber sua forma ortográfica, letra a letra. Daí percebemos que não se deve defender o livro em formato áudio como sendo uma saída para a leitura da pessoa cega. Não é assim. O formato áudio é uma praticidade, disso não se tem dúvida. Especialmente em relação a um livro braile, que exige muito papel e assume um tamanho deveras volumoso.
"Um outro aspecto sobre o qual Oliveira chama atenção é o fato da Universidade Falada igualar todas as pessoas com deficiência visual como institucionalizadas. "No portal eles dizem que as pessoas cegas serão supridas por suas instituições especiais. E aquelas pessoas com deficiência visual que não pertencem ou não frequentam nenhuma instituição?" Oliveira afirma que estas pessoas podem comprar os produtos livremente, caso se interessem por eles. "A generalização de que toda pessoa cega é institucionalizada,merecedora de caridade e de gratuidade, é um câncer que temos que combater sempre, não podemos permitir que esse tipo de pensamento se enraiza na sociedade e que sejamos rotulados eternamente dessa maneira. Podemos comprar os produtos de maneira autonoma, independente e livre da intermediação de qualquer tipo de instituição especial."
Fonte: Revista Sentidos.

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